Júlio Teixeira, na sua obra Da Terra de Panoyas, refere a existência do Castelo de Bouçoos (nome terá evoluído para Mouçós, como dissemos), um castro construído “no alto do Picoto, pertencente à Corvaceira, contraforte da Serra da Padrela, e junto ao local onde hoje existem duas povoações, S. Tomé do Castelo e S. Bento do Castelo…
Sobre este castelo conta uma história. Bouçoos tinha como governador que fazia do castro sua residência. Os seus legionários, quando não guarneciam o forte viviam em aldeias próximas, donde vinham nas ocasiões de perigo”. O Castelo teve vários governadores, mas o mais brutal e o mais temido chamava-se Fortunius. Enriqueceu graças aos impostos que lançou sobre as populações locais. Odiado por todos, tinha uma única filha que, ao contrário, era adorada pelas populações. “Adoecendo e temendo a morte, quando ao longe já se sentiam os toques guerreiros dos vândalos, ordenou, aos seus servos, que enterrassem, dentro do castelo, todo o seu tesouro. Melhorou e não mandou desenterrar a sua fortuna, escondida em lugar desconhecido no chão das galerias subterrâneas do forte. Tomou outra atitude, tão brutal, como outras que já tinha praticado: mandou matar os servos que conheciam o segredo do local onde estava enterrado o ouro”.
Fortunius soube que a filha amava um moço guerreiro das proximidades, mas não querendo este casamento, encerrou-a nas masmorras do castelo. Fortunius morreu nas lutas com os bárbaros asdingos, mas da filha nunca mais houve notícia. Nasceu então a lenda. A história da princesa foi passando de boca e boca, contada à lareira “como história… duma moura encantada que, à meia-noite, nas noites de lua-cheia, vinha estender todo o seu tesouro sobre as fragas do antigo forte romano. A filha do governador não tinha morrido mas tinha-se encantado numa moura que, de mês a mês, aparecia a espalhar as suas jóias sobre as ruínas do Castelo”, em noite de lua cheia. Só no fim dos tempos se quebrará o encantamento.
Na sequência desta lenda, Júlio Teixeira narra duas outras aventuras de dois grupos de pesquisadores do tesouro nunca encontrado, referindo que “na vertente do monte que dá para os lados do rio Corgo, ainda se pode ver hoje uma grande cavidade na terra a que o povo chama a Mina da Moura”.