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 Lendas Negras de Júlio Emílio Braz - Quimbundo

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elianasimonetti

elianasimonetti


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Data de inscrição : 27/06/2009
Idade : 68
Localização : Sao Paulo - Brasil

Lendas Negras de Júlio Emílio Braz - Quimbundo Empty
MensagemAssunto: Lendas Negras de Júlio Emílio Braz - Quimbundo   Lendas Negras de Júlio Emílio Braz - Quimbundo EmptySáb Jun 27, 2009 11:00 am

Quem perde o corpo é a língua
Conta-se em Angola que há muito tempo um caça-
dor, voltando para sua aldeia, encontrou uma cavei-
ra num oco de pau. Assustado, olhou desconfiada-
mente de um lado para o outro, temendo alguma
armadilha ou uma das muitas artimanhas dos espí-
ritos que faziam da floresta seu lar. Mesmo ainda
muito espantado, tomou coragem e se aproximou
para observar.
Nesse momento, a Caveira chamou-o e pediu:
— Chegue mais perto, caçador, que eu não mordo,
não!
Mas quem diz que ele a atendeu. Mais desconfiado
do que propriamente assustado, o caçador ficou onde
estava e somente depois de mais algum tempo jun-
tou um restinho de coragem e perguntou:
— Quem a pôs nesse lugar, Caveira?
— Foi a Morte, caçador — apressou-se ela a responder.
— E quem a matou?
Enigmática, os olhos brilhando nas órbitas vazias, a
Caveira voltou a responder:
— Quem perde o corpo é a língua!...
O caçador voltou para casa e contou aos companheiros
o que acontecera. Ninguém acreditou, mas conversa
vai, conversa vem a história da Caveira que falava no
meio da floresta foi se espalhando, espalhando, até que
muita gente dela falava. Dias mais tarde o caçador pas-
sou pelo mesmo pedaço escuro e sombrio da floresta e
tornou a ver a Caveira no mesmo lugar, ajeitada capri-
chosamente num oco de uma enorme e igualmente as-
sustadora árvore. Tornou a fazer as mesmas perguntas
e, como era de esperar, ouviu as mesmas respostas. Mais
que depressa o caçador correu para a aldeia e, todo
orgulhoso de si mesmo, pois afinal era o único que en-
contrava e conversava com a misteriosa Caveira, tei-
mou em contar a história aos companheiros. A verdade
é que tanto ele contou que muitos começaram a ficar
com raiva dele... afinal de contas, que Caveira era aque-
la que só falava com ele?
E por quê?
Seria mentira?
Por fim, acabaram dizendo:
— Vamos ver essa tal Caveira de que fala tanto, mas
ouça bem: se ela não disser coisa alguma que se pa-
reça com tudo isso que você tem dito a nós, vamos
lhe dar lá mesmo a maior surra de pau que você já
levou pra deixar de ser mentiroso, ouviu bem?
Certo que a Caveira não o decepcionaria, mais do
que depressa o caçador os conduziu até a sua estra-
nha companheira. Vendo-a, apressou-se em lhe fa-
zer as tais perguntas de que tanto falara, mas a Cavei-
ra não murmurou sequer qualquer coisa. Calada esta-
va, calada ficou. Mais o caçador perguntava e mais ela
ficava calada. Nem um “ai”, quanto mais uma respos-
ta.
Diante dos olhares ameaçadores dos companheiros, ele
ainda tentou argumentar, dizer qualquer coisa, encon-
trar um jeito de...
Mas ninguém quis saber de conversa e muito menos de
explicação. Caíram sobre ele com toda a raiva do mundo e
deram-lhe uma grande surra. A maior que já levara. Fo-
ram embora reclamando muito e gritando:
— Mentiroso!
Pobre caçador!
Todo machucado, o corpo dolorido, ficou estirado no
chão, gemendo. Só com muito esforço, conseguiu
forças para ficar de pé. Quando finalmente conse-
guiu se levantar, olhou cheio de raiva para a Caveira
e resmungou:
— Olha bem, coisa do diabo, o que fez comigo!
Os olhos dela cintilaram quase zombeteiramente e,
depois de algum tempo, ela afirmou:
— Quem perde o corpo é a língua, meu amigo, é a
língua...
E cá entre nós, com toda razão!
O caçador, bem machucado, foi para casa e, dessa
vez, calou-se, guardando para si aquilo que somente
ele ouvira.
Mukuendangó, Mukúfuangó, Mukuzuelangó,
Mukuiangó. (Por andar à toa, morre-se à toa; por
falar à toa, vai-se à toa!)
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